Mediação em Atibaia e Jundiaí tem sintonia fina com o Japão

Na sala de audiências da 3ª Vara Cível da Comarca de Atibaia, as palavras e os gestos foram inspirados por Mahatma Gandhi: “Não há caminho para a paz. A paz é o caminho”. Assim, o juiz coordenador do CEJUSC Atibaia (Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania), Dr. Rogério Correia Dias, iniciou sua homenagem à comunidade nikkey em evento na tarde de 12 de novembro, no Fórum local. Duas mediadoras da unidade atibaiense, que acompanham os conflitos de família brasileira no Japão, foram homenageadas pelo prefeito Emil Ono, com entrega do brasão do município e caixas de morango, símbolo e fruta tradicional da região.
Eloísa Hashimoto e Cínthia Sayuri Marubayashi foram surpreendidas pela homenagem, na presença do Dr. Júlio César Ribeiro e do professor Gilvan Elias Pereira, representando a UNIFAAT, mais o diretor da Prefeitura Dr. Luiz Benedito Toricelli. O chefe da unidade do CEJUSC, Dr. Edson Dorta, e a mediadora Maria Cristina Tafarelo Colonello prestigiaram a reunião, em que foram cumpridos os cuidados sanitários da pandemia. Em seu discurso, o Dr. Rogério agradeceu os dois parceiros institucionais do CEJUSC, a Prefeitura e a UNIFAAT, louvou “o compromisso dos conciliadores” e reconheceu a importância da comunidade japonesa em Atibaia.
Ele também revelou o contexto em que a homenagem à comunidade nikkey ocorreu. Em setembro, o juiz recebeu proposta de ação judicial por parte de operário de origem nipônica, saído aqui de Atibaia, que mora atualmente na Província de Aichi, no Japão. “Trata-se de ação promovida contra sua ex-companheira – também operária moradora naquela província – por causa da guarda de seus filhos: um conflito de natureza familiar típico. Com alguma dificuldade de acesso à justiça japonesa, tal pessoa bateu às portas da justiça brasileira, tendo sido seu processo submetido à nossa responsabilidade. Foi então que se abriu para nós, em primeiro lugar, a valiosa oportunidade de usar todos os recursos – humanos e tecnológicos – de que dispomos para atender àquela demanda”, explicou o Dr. Rogério.
À frente do CEJUSC, o juiz de Direito e sua equipe fizeram detalhado preparo do processo, cujas sessões de conciliação foram marcadas para duas datas desta semana, considerando a diferença do fuso horário entre os dois países, Brasil e Japão. Diante desse fato auspicioso, independente do resultado das sessões, o Dr. Rogério decidiu realizar evento simples, mas vibrante e caloroso, para ressaltar, na pessoa do prefeito, o valor “de todos quantos, provindos do País do Sol Nascente, desembarcaram – os primeiros em 18 de junho de 1908, no Porto de Santos, fincando aqui suas raízes. Homenagem a todos quantos, chegados alguns anos depois em Atibaia, trouxeram para cá sua disciplina, sua força de trabalho e suas ricas tradições culturais, tudo isso que hoje faz nossa cidade brilhar no cenário nacional pela beleza de suas flores, pela qualidade de seu morango, pelo rufar dos tambores de seu taikô”.
É interessante observar que a experiência de Atibaia nos aproxima de Jundiaí, onde acontece projeto idealizado em 2013, o CEJUSC Amigo do Japão, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A iniciativa atendeu sugestão do Instituto de Direito Comparado Brasil-Japão e da Associação Brasileira de Hamamatsu. A ideia foi facilitar a vida de brasileiros residentes no Japão que precisam resolver pendências de ordem familiar e também casos cíveis. Tudo é feito de forma virtual e tem força de decisão judicial.