Os pilares da vida humana: o ser idoso

Dirce Rodrigues*

Durante todo o ciclo vital, o indivíduo é desafiado a estabelecer novas relações consigo e com o mundo e a superar limitações. Cada estágio da vida–ser bebê, ser criança, ser adolescente, ser adulto e ser idoso -envolve o indivíduo em um processo de reintegração dos temas psicossociais experimentados em estágios anteriores da vida a novos temas relacionados à idade atual (Erikson, Erikson, &Kivnick, 1986; Wadensten, 2006).
Esses fatores estão continuamente compelindo o indivíduo e seu ambiente a se adaptarem. O sujeito é, então, constantemente requisitado a buscar equilíbrio entre limitações e potencialidades. O êxito desse balanceamento é o que caracterizaria o desenvolvimento bem-sucedido (Baltes, 1987).
Assim, o envelhecimento bem-sucedido pode ser apreendido como uma competência adaptativa de responder aos desafios emergentes a partir do corpo, mente e ambiente com resiliência. Diferentes estudos (Moura, 2016; Verdingola, 2013), indicam uma grande relação entre emoções positivas e longevidade. Encontrar um sentido para a existência relaciona-se diretamente com o bem-estar psicológico das pessoas, e o indivíduo que consegue atribuir um sentido a própria vida, escolhe viver com as circunstâncias e dar um novo sentido (positivo) a ela.
Gato et.al. (2018) reforçam a associação entre qualidade de vida na velhice e a capacidade de transcendência, tanto nas adversidades, como nas limitações impostas pelo processo de envelhecimento.
O idoso que consegue se adaptar às mudanças, normais desse ciclo de vida, apresenta melhor percepção do envelhecer, possui a capacidade de interação social e busca estar bem consigo mesmo, vivenciando essa fase de forma mais positiva e saudável.
Ainda, conforme os autores acima, as características que constituem a essência do bem-estar psicológico incluem:
– possuir uma atitude positiva em relação a si mesmo e aceitar múltiplos aspectos de sua personalidade (auto aceitação);
– possuir relacionamentos acolhedores, seguros, íntimos e satisfatórios com outras pessoas (relações positivas com outros);
– ser autodeterminado, independente, avaliar experiências pessoais segundo critérios próprios (autonomia);
– ter competência em manejar o ambiente para satisfazer necessidades e valores pessoais (domínio sobre o ambiente);
– ter senso de direção, propósito e objetivos na vida (propósito na vida);
– perceber um contínuo desenvolvimento pessoal e estar aberto a novas experiências (crescimento pessoal).
Enxergar globalmente o ser humano, na busca pela sonhada “felicidade”, que se reflete em parâmetros de bem-estar e vai muito além do que não ter patologias, mas apresentar uma saúde física e mental capaz de enfrentar as adversidades inevitáveis da vida e principalmente os aspectos normais do envelhecimento humano.
Assim, potencializar a saúde, o bem-estar e o equilíbrio dos indivíduos, principalmente dos que se preparam para envelhecer bem e para os que já se encontram nessa fase da vida, torna-se um grande desafio.
A você querido idoso, deixo está tarefa: “QUE SE POSSA SER FELIZ, APESAR DE…”, porque a capacidade de superação e adaptação do ser humano apresenta possibilidades ilimitadas.
Um propósito? A VIDA!

Referências
Erikson, E., Erikson, J., &Kivnick, H. (1986). Vital involvement in old age. New York: W.W. Norton &CompanyInc.
Wadensten, B. (2006). Ananalysisofpsychosocialtheoriesofageingandtheir
relevancetopracticalgerontologicalnursing in Sweden. Scand. J. CaringSci., 20, 347-354.
Baltes, P. (1997). Ontheincompletearchitecture
ofhumanontogeny: Selection, optimizationandcompensation as foundationofdevelopmentaltheory. American Psychologist, 52(4), 366-380.
GATO, J.M. et.al. Saúde mental e qualidade de vida de pessoas idosas. Avances enEnfermería. vol.36 no.3 Bogotá sep./dic. 2018.
VERDINGOLA, M.S.F.B. Fortunato. Atividades de desenvolvimento pessoal em idosos institucionalizados: um processo chave no envelhecimento. Dissertação (Mestrado em Intervenção para um Envelhecimento Ativo). Leiria, maio 2013.
MOURA, M. A. Programa Raimunda Moura para Parkinsonianos: anjos no curso da vida. Bragança Paulista: ABR, 2016.

Dirce Rodrigues é Psicóloga especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental – USP, Mestre em Psicogerontologia – Instituto Educatie, Diretora técnica da Vitalità – Envelhecimento com qualidade e bem-sucedido – e-mail: dml.vitalita@gmail.com

Foto- Grupo Altevita