A importância da vida acadêmica para a economia

É difícil construir um tratado sobre a economia acadêmica, até porque ela funciona como um polvo de muitos braços.

Wagner Casemiro

Como professor da FATEC (Faculdade de Tecnologia de São Paulo), no momento afastado para me dedicar ao cargo de secretário municipal de Habitação em Atibaia, destaco a importância da vida acadêmica para a economia. Uma boa escola numa cidade, seja uma faculdade ou um curso técnico de nível, movimenta negócios na área imobiliária e em muitos outros setores, de simples lojas a investimentos públicos. O padrão tecnológico exigido pelo conhecimento aumenta, afeta os serviços, o comércio e a indústria, e afeta até mesmo o campo cultural, das tradições à inovação.
É difícil construir um tratado sobre a economia acadêmica, até porque ela funciona como um polvo de muitos braços. A percepção é ampla, mas os indicadores apenas se aproximam dos resultados. O mais importante é que existe a constatação, tanto da população em geral como da classe política e empresarial, dessa influência positiva que exercem estudantes, professores, dirigentes educacionais, técnicos e especialistas.
É notável que o Centro Paula Souza, que é responsável pela FATEC, sempre visou a inovação, sendo a própria concepção e construção de uma rede de cursos superiores de tecnologia, nos anos 1970, algo moderno. Desde a primeira aula no, até então, Centro Estadual de Educação Tecnológica de São Paulo, em fevereiro de 1970, a FATEC acrescenta cada vez mais cursos e disciplinas à sua grade curricular e expande suas instalações por todo o Estado de São Paulo, acompanhando os avanços tecnológicos e sociais e se moldando às novas necessidades do mercado de trabalho.
Segundo o professor Hernan Chaimovich, cuja trajetória está ligada à USP e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as universidades públicas paulistas demonstram que a produtividade dos corpos docentes vem aumentando por fatores que superam, em muito, a produtividade dos trabalhadores deste país. “O impacto intelectual, econômico e social da produção acadêmica, a qualidade dos profissionais, mestres e doutores formados pelas três universidades e a plêiade de serviços prestados, que se estendem desde a atenção médica até a música e as artes plásticas, são argumentos que evidenciam, qualitativa e quantitativamente, que o investimento produz resultados”.
Como seria Campinas sem a Unicamp? São Carlos constitui outro exemplo interessante quando se imagina como seria sua história sem os campi da USP e da UFSCar. O peso da Unesp na economia, e sua contribuição para o (alto) perfil socioeconômico do Estado, torna-se explícito em Bauru, Jaboticabal e Araraquara. Além disso, existe o peso dos estudantes das três universidades estaduais paulistas nas economias de cidades como Pirassununga, Assis, Marília, Limeira ou Lorena e que se faz sentir desde a padaria até o bar, da lavanderia ao mercadinho da esquina.
A vida no interior paulista foi modificada pela necessidade de abrigar uma população de professores, funcionários e estudantes com uma formação cultural distinta. A mistura harmônica de culturas sempre enriquece sociedades que, como nesses casos, não apenas as aceita, mas acolhe-as e se transforma com elas. Vemos este exemplo também em Atibaia, com a atuação da UNIFAAT.
Tudo isso contribui, evidentemente, para transformar o padrão e a qualidade do emprego no interior paulista.

* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.