Conciliação e mediação me entusiasmaram a criar uma nova coluna

Luiz Gonzaga Neto

A coluna Desafios da Comunicação, que mantive aqui neste espaço durante anos, dá lugar agora a uma nova proposta. Chamei de “Acordos de Paz” porque venho colecionando encontros, impressões e informações sobre o assunto, que considero cada vez mais importante. Assim, posso dar um colorido mais militante e sintonizado com o mundo contemporâneo à minha contribuição ao jornal O Atibaiense, em que escrevo desde 1987. Esta parceria com o jornal mais antigo da cidade foi muito produtiva para mim. Aprendi bastante e descobri temas que marcaram minha trajetória como jornalista, carreira iniciada em 1978 na Capital, após curso de Jornalismo na Universidade de São Paulo.

William Ury, negociador internacional de paz

Esse meu entusiasmo pelos acordos de paz tem dois grandes momentos. O primeiro foi o rápido encontro com William Ury, professor e negociador internacional de paz, em cerimônias religiosas realizadas em Nazaré, município vizinho de Atibaia. Co-fundador do Programa de Negociação de Harvard, é um dos mais renomados especialistas em negociação e mediação. Escreveu livros e foi consultor em variados conflitos internacionais, desde greves em minas de carvão até guerras étnicas no Oriente Médio, nos Balcãs e na antiga União Soviética. Ele tem ensinado negociação e mediação para dezenas de milhares de executivos, líderes de sindicatos, diplomatas e oficiais militares ao redor do mundo. Em parceria com o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, William Ury fundou a Rede de Negociação Internacional, uma ONG que busca acabar com guerras civis ao redor do mundo.
O segundo foi a conversa que tive certo dia, no Fórum, com o dr. Rogério Correia Dias, juiz de Direito, coordenador do Cejusc (Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da Comarca de Atibaia) de Atibaia e Jarinu, após escrever aqui no jornal O Atibaiense sobre esse trabalho do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Daquele encontro, saí como voluntário da causa, sendo convidado a acompanhar as sessões e palestras organizadas pelo Cejusc, chefiado em Atibaia pelo dr. Edson Dorta, trabalho que hoje acontece de forma virtual. É sempre interessante acompanhar como atuam conciliadores e mediadores na composição dos acordos entre casais separados, entre vizinhos, entre empresas e entidades, etc. É a humanização do Judiciário, que sai daquele lugar frio e distante para se aproximar das necessidades da sociedade, dos seres comuns que lutam e enfrentam problemas cotidianos.
O mundo precisa de paz, de acordos, de harmonia. Não é um ideal fácil, até porque só funciona se for visto como uma prática diária. Só construímos bons relacionamentos – a começar pela família, passando pelo trabalho e pela comunidade em geral – se tivermos a disposição para o diálogo, para a negociação, para o denominador comum. Senti na pele esta realidade ao presidir, no ano passado, como funcionário concursado da Câmara de Atibaia, uma comissão disciplinar do próprio Legislativo local, cuja atribuição foi investigar eventuais irregularidades salariais e funcionais. Ali, em sessões online, constatei a necessidade imperiosa de diálogo, mesmo quando as pendências já extrapolaram as paredes internas e desembarcaram na Justiça.

* Luiz Gonzaga Neto é jornalista, analista em comunicação da Câmara de Atibaia e blogueiro, autor de brincantedeletras.wordpress.com. Esta coluna pode ser lida também no site do jornal O Atibaiense – www.oatibaiense.com.br.