Governança se afirma como prioridade no mundo empresarial

É uma verdadeira revolução para dentro da empresa, com reflexos imensos na sociedade e até mesmo no poder público.

Por Wagner Casemiro

 

Se não se cuidar, o poder público pode perder essa corrida. O mundo empresarial assume cada vez mais diretrizes de governança, que são a rigor compromissos para além do lucro e da inovação nos negócios, preenchendo demandas sociais, ambientais e de transparência administrativa. Alunos e leitores em geral já perceberam, com certeza, esse objetivo corporativo, cada vez mais consolidado entre nós.
Para todo lado que se olha hoje, depara-se com a sigla ESG. É a inclusão de uma nova rota: a dos investimentos que levam em conta critérios de sustentabilidade. Ou seja, ESG – Environmental, Social and Governance (em português, Ambiental, Social e de Governança). Dizem os especialistas: “Alguns comportamentos que existiam antes não são mais aceitos e as companhias precisam mostrar, cada vez mais, que são sustentáveis – ecológica, social e economicamente. O ESG foi criado como uma métrica para avaliar o desempenho das empresas nesta nova conjuntura”.
Não é pouca coisa. É uma verdadeira revolução para dentro da empresa, com reflexos imensos na sociedade e até mesmo no poder público. Os bancos oferecem aplicações e investimentos em empresas sustentáveis. Os investidores e os fundos selecionam empreendimentos com esse compromisso. Cursos e palestras nesse mesmo sentido proliferam na corrida para adaptação à economia da pós-pandemia. E os consumidores mais conscientes e exigentes estão cada vez mais interessados em produtos e serviços que tenham impacto positivo no meio ambiente e na sociedade.
Na área de Recursos Humanos, são procurados no mercado profissionais qualificados e capazes de levar as companhias para este novo patamar exigido. Os desdobramentos se multiplicam se você pensar em todas as implicações. Quando observa o aspecto ambiental, as perguntas são: como a empresa usa sua energia, descarta lixo, se emite gás carbônico e se contribui para mudanças climáticas, etc. No lado social, como estão os direitos dos colaboradores, os cuidados com a segurança no trabalho, a diversidade no quadro de funcionários, o relacionamento com a comunidade. E na governança propriamente dita, são debatidas as políticas e práticas pelas quais as empresas são dirigidas e controladas, a diversidade no conselho, a metodologia de contabilidade, a politica anticorrupção, e por aí vai.
Recentemente, divulgou-se o estudo “A onda verde: oportunidades para empreender e investir com impacto ambiental positivo no Brasil”, que sinteza bons exemplos nos segmentos de agropecuária, florestas e uso do solo; indústria; logística e mobilidade; energia e biocombustíveis; gestão de resíduos; e água e saneamento. Em artigo publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, a declaração de Daniel Contrucci, da Climate Ventures, chamou a atenção.
“De dois anos para cá, teve uma explosão da pauta ESG, porque as lideranças das empresas estão entendendo que isso afeta diretamente a performance do negócio. Nossa ideia é impulsionar negócios que já nascem com esse DNA de resolver e trazer impactos socioambientais positivos”, afirmou.
Não podemos perder esse dinheiro disposto a investir em negócios de impacto ambiental aprovado. Somos o país com maior potencial no mundo para os empreendimentos de bioeconomia. Atibaia e região também têm essa vocação e não podem nem devem desperdiçá-la.
Claro que temos um longo caminho a percorrer. A questão agora para as empresas é como responder aos desafios. É imperativo que aprimorem proativamente sua divulgação, em vez de permitir que sua classificação seja dada por terceiros. Esse novo ciclo econômico apenas começou, meus amigos.

* Wagner Casemiro é Secretário Municipal de Habitação de Atibaia, Professor Universitário Especialista em Administração, Contabilidade e Economia e Representante do CRA – Conselho Regional de Administração Atibaia.