Três treinadores não resistiram a quatro rodadas na A2

O estudo aponta a dificuldade da permanência no cargo. Foto: Jorge Luís/Audax

Três treinadores perderam o emprego na Série A2 do Campeonato Paulista em quatro rodadas. As dispensas, alarmantes, vão de encontro ao Estudo da Universidade do Esporte da Alemanha sobre o futebol brasileiro e as implicações práticas no trabalho do técnico. No Sertãozinho sai Rodrigo Fonseca. No Audax, Max Sandro retoma às suas funções na base e, no Taubaté, Toninho Cecílio não resistiu.
“É um trabalho de alicerce que o sindicato começa a fazer. Primeiro conscientizar o treinador que ele tem direitos e só depois fazê-lo se ver como classe pra gente conseguir melhorias”, entende o presidente do Sitrefesp (Sindicato dos Treinadores de Futebol do Estado de São Paulo), Emilio Mirada.
O estudo aponta a dificuldade da permanência no cargo pelas “decisões limitadas a curto prazo no local onde o seu trabalho é julgado”, exigindo outra postura dos próprios treinadores como classe. “A união somente fortalece a classe quando os indivíduos passam a defender a mesma teoria, executando-a de forma conjunta – e consistente – na prática”, diz o texto.
A opinião de Miranda vai de encontro ao estudo, que não vê o trabalho estruturado nos clubes. “É muito triste isso em quatro rodadas. Falta total planejamento, analisar o perfil de quem está sendo contratado, se preenche os requisitos. Mas isso é raro”.
Os treinadores preferem não se manifestar individualmente. “O futebol não dá tempo nem de passar dificuldade. Não te avaliam pós trabalho e as visões são diferentes: o treinador enxerga a longo prazo, que só assim se tem resultado. O dirigente tem menos paciência e não confia no plano de trabalho. Mudar tudo resolve o problema?”, questiona um deles.
Entre os fatores determinantes para as trocas de comando está um rendimento numa janela de quatro jogos sequenciais. Para cada ponto coletado dentro dessa janela, a probabilidade de sobrevivência do treinador aumenta entre 15,2% a 33,1%. O mesmo vale para o efeito contrário: a cada ponto não coletado numa faixa de quatro jogos, reduz-se entre 15,2% a 33,1%, por ponto, a probabilidade do treinador seguir no comando da equipe.