Proteção das populações vulneráveis é crucial para a retomada da economia

Na foto o economista Joseph Stiglitz participa dos debates sobre o mundo atual.

 

Por Wagner Casemiro

 

Só haverá recuperação econômica, depois da pandemia, se as populações mais vulneráveis e afetadas receberem proteção. Apenas os pacotes de estímulo não bastam para garantir a volta do crescimento. Depois da primeira etapa, de apoio aos mais expostos, vêm em seguida os investimentos em infraestrutura e na transição ecológica, que durarão décadas e gerarão empregos e desenvolvimento econômico no interior de cada país e entre as nações.
A tese acima é defendida pelo economista americano Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia de 2001 e economista-chefe do Banco Mundial de 1997 a 2000, além de autor do livro “Povo, Poder e Lucro” (Record). Minha sugestão é de que os alunos e os leitores prestem atenção nesse olhar especial, debruçado sobre a situação que atravessa o mundo. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ele afirmou que, depois da pandemia, abre-se um novo capítulo do pensamento macroeconômico.
Para Stiglitz, a necessidade de resgatar famílias e negócios que corriam o risco de falir, a constatação de que serviços de saúde privados não davam conta do recado e a incerteza que dominou os mercados na úiltima década levam a reconsiderar os paradigmas dominantes desde a década de 1990. O aprofundamento da desigualdade prejudica a capacidade de empreender e favorece os oligopólios, sistemas fechados em torno da autopreservação, o que se reflete na captura da política por interesses financeiros.
O economista ressalta que é necessário criar novas políticas de regulação do mercado de trabalho e de atuação do Estado na economia. A economia como um todo não vai se recuperar enquanto não resolvermos a própria pandemia. Entre os conceitos desse autor, está o de “pseudo-riqueza”, aquela que detentores de ativos acreditam ter ao projetar suas expectativas de valorização, no terreno impuro da especulação. Essa percepção da riqueza, desconectada do valor produzido pelos mercados e pela economia real, pode ser fonte de instabilidade e crises.
Esse pensador da economia chamou a atenção para as disponibilidades do Fundo Monetário Internacional, que expandiu seus “direitos especiais de saque”, uma espécie de dinheiro internacional. No ano passado, o FMI planejava o lançamento de US$ 500 bilhões, que ajudariam bastante os países em desenvolvimento. A liberação desses recursos em 2021 depende do apoio do governo americano, que passa por transição.
Por essa visão dos problemas, a grande demanda é estimular a economia e colocar a recuperação nos trilhos. Vivemos uma era de muitas incertezas, com muitos choques, grandes e impossíveis de prever como a própria pandemia. “Um tempo assim requer que apliquemos modelos teóricos muito diferentes. Parte dessa mudança de modelo consiste em abrir mão de regras simplistas. Embora tivéssemos pouca fé nos governos, sempre nos voltamos para eles quando estamos no meio de uma crise”.
Para ver o total da entrevista, busquem o link https://valor.globo.com/eu-e/noticia/2021/02/19/so-havera-recuperacao-se-houver-estimulo-diz-joseph-stiglitz-nobel-de-economia.ghtml.