Esperança é o antídoto para o negativismo em 2021

Há luz no fim do túnel depois do intragável 2020, tanto para vislumbrar um mundo sem covid-19 como para retomar a economia global, a ponto de deixar o caos para trás. A chegada das vacinas é a materialização dessa esperança, na voz de economistas e cientistas, mapeou nesta semana o jornal El País. Por incrível que pareça, caros leitores, há otimistas (ainda que titubeantes) previsões do mercado para o próximo ano.
Um exemplo de esperança: chegar à saída pode ser questão de meses, disse Karen Ward, estrategista-chefe do J.P. Morgan Asset Management. Ward acredita que, no segundo semestre de 2021, “pode haver uma retomada significativa da atividade, depois que as vacinas forem fornecidas, que a demanda reprimida for liberada e a vida começar a voltar à normalidade”.
Depois de ano tão caótico, 2021 só poderia começar com mensagem de otimismo, mas o ano que chega vem também carregado de alertas. “As coisas não voltarão a ser como antes. Começamos a ter consciência de que foi a civilização que criou e espalhou o vírus: os aviões e os carros, as concentrações multitudinárias e os estádios de futebol”, observou ao El País o neuropsiquiatra Boris Cyrulnik, como os demais com um olho no furacão.
Por outro lado, 2020 nos deixa lições importantes e alguns alentos. O próprio fortalecimento da ciência é uma delas, assim como as correntes de solidariedade. Mesmo assim, para o Nexo Jornal, com mais de 190 mil mortos na pandemia de covid-19 e em meio a um repique do contágio, o Brasil vive um fim de ano marcado por eventos com aglomerações de centenas de pessoas, na contramão das recomendações de autoridades sanitárias e, algumas vezes, da lei local. Só contradições em nossas ruas.
“Este ano será visto no futuro como um parêntese: 2020, o ano em que vivemos na base do compasso de espera. O ano em que experimentamos um hoje sem amanhã; um agora sem planejamento de futuro”, apontou Lilia Schwarcz, colunista do Nexo. Já no jornal Valor Econômico o economista Gustavo Franco foi citado, lembrando que pessoas eram destacadas para cuidar da quarentena dos outros na Londres dos anos 1600. “Porque uma maneira de fazer ‘lockdown’ nos séculos XV, XVI e XVII era a seguinte: as pessoas vão fazer guarda na sua porta. Se você sair de casa, o cara chama a polícia”, disse Franco.
No mesmo jornal, o músico Gilberto Gil teve trecho de prefácio reproduzido: “[…] Conversas para sorver e refletir: a chuva ácida do pânico desses dias a nos encharcar de medo e dissabor; a frase tóxica do discurso pessimista a tentar nos desviar da fé; a falácia negacionista a fingir nos prevenir da dor; o rigor da paciência do cientista a aguardar, confiante, o saber; o paciente entregue ao seu regente, o Amor”. Fora negativismo!