Água subterrânea de Atibaia não vem do Aquífero Guarani

Consultado, o especialista em hidrologia Kleber Cavazza Campos se dispôs a explicar ao jornal O Atibaiense o que acontece no mundo das águas.

O Atibaiense – Da redação

Por que Atibaia não utiliza a água do Aquífero Guarani? Porque Atibaia não está sobre esse aquífero. A cidade conta com outros aquíferos, que funcionam como reservatórios subterrâneos e precisam ser preservados segundo os especialistas. A pergunta surgiu entre moradores de Atibaia, depois que viram reportagem do programa Globo Rural sobre projeto em São Paulo “que incentiva proteção de uma das maiores fontes de água do mundo”.

 

Segundo a reportagem da emissora, “pesquisadores e agricultores unem esforços para evitar o uso de agrotóxicos e recuperar florestas a fim de proteger o aquífero Guarani, que armazena trilhões de litros de água potável”. Esse aquífero beneficia regiões como as de Botucatu, Pardinho e Itatinga.

Consultado, o especialista em hidrologia Kleber Cavazza Campos se dispôs a explicar ao jornal O Atibaiense o que acontece no mundo das águas. “Não existe Aquífero Guarani em Atibaia nem nos municípios que formam a região bragantina. Recebi inúmeras mensagens de moradores de Atibaia, principalmente de moradores dos bairros que tiveram o abastecimento de água oferecido pela SAAE interrompido por conta dos três episódios de despejo de substância química no Córrego do Onofre. Os despejos ocorreram num intervalo de 45 dias. A respeito deste despejo, ainda não se tem certeza da substância despejada e quem foi o responsável pelo despejo”, esclareceu o técnico.

 

 

NÃO SÃO A MESMA COISA

Ele também esclareceu que aquífero e água subterrânea não são a mesma coisa: “O elemento água, a depender do local no qual é encontrado, poderá ser denominado: água subterrânea, água superficial, água atmosférica. A primeira é a água que se encontra no subsolo, abaixo da superfície terrestre. Essa é uma definição simples que nos servirá para o momento. Água superficial é aquela encontrada sobre a superfície terrestre. Podemos incluir as águas que escoam pelos rios (Córrego do Onofre, Rio Atibaia, Rio Amazonas), as águas represadas em reservatórios (as represas do Sistema Cantareira), águas formadoras de lagos e lagoas (lago do Major, lago do Jardim dos Pinheiros, lago do Jardim dos Lagos e Jardim Paulista, lago do Parque Edmundo Zanoni)”.

Continuando, Kleber afirmou que água atmosférica é a que se apresenta na forma de vapor ou na forma de chuva. “A propósito, temos percebido os reflexos das queimadas que consomem a vegetação dos biomas amazônico e Pantanal. Essas queimadas de grandes áreas alteram profundamente a circulação de ar. Aquecem por demais o continente. Alteram a circulação atmosférica, interferindo na dinâmica dos chamados ‘rios aéreos’. Consequência: estiagem acentuada nos meses do inverno, que avança sobre meses de verão, no qual teríamos chuvas frequentes (chuva todos os dias e o dia todo). Estamos percebendo as consequências, inclusive em Atibaia”.

FORMAÇÃO COM POROSIDADE

Em seu perfil de Facebook, Kleber propôs um exercício para esclarecer que aquífero é uma formação geológica com porosidade (como a encontrada numa esponja). Ter porosidade significa existir espaço vazio (poros). Espaço vazio que pode estar preenchido por ar ou por água. “O Aquífero Guarani é uma formação geológica que se assemelha à esponja. É uma formação geológica que tem água absorvida na porosidade”.

No próximo artigo, Kleber Kavassa vai esclarecer a pergunta: se Atibaia não tem Aquífero Guarani, o que podemos dizer a respeito da água que tiramos de um poço, artesiano ou não?