Comércio eletrônico bate recordes de crescimento após a chegada da pandemia

Dados da Abcomm informam aumento de 30% nas vendas pela internet durante as duas primeiras semanas de abril.

Wagner Casemiro

 

A guerra do comércio eletrônico acentuou-se neste primeiro semestre, por conta da tendência do setor e da pandemia do coronavírus. O segmento já vinha batendo as áreas tradicionais de vendas. O jornal O Atibaiense foi ouvir sobre o assunto o professor Wagner Casemiro, que vem ministrando aulas online para turmas da Fatec de Bragança Paulista. Ele também é chefe de Recursos Humanos da Câmara de Atibaia, cargo ocupado devido ao TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado entre o Legislativo e o Ministério Público em dezembro de 2019.
Wagner citou a revista Exame, que destacou: “A quarentena fez as vendas online explodir. E intensificou o embate entre varejistas de móveis e eletros, apps de delivery, supermercados e lojas de bairro. Assim, o varejo online e as lojas físicas nunca mais serão os mesmos após a pandemia”. Em uma das grandes redes, a categoria de alimentos e bebidas (sem contar a entrega de refeições) cresceu em março 44% em receita nas vendas online em relação a 2019. A busca por “entrega perto de mim” cresceu 200% em março no buscador do Google.
Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) informam aumento de 30% nas vendas pela internet durante as duas primeiras semanas de abril. O e-commerce já estava acostumado a crescimentos anuais na casa dos 20% no Brasil, mas a quarentena levou a um fenômeno diferente: a busca por novos produtos. Saúde foi a área que mais cresceu, mais que dobrando de tamanho no comércio eletrônico em março (alta de 131% no faturamento). Beleza e perfumaria (74% de crescimento), instrumentos musicais (56%), pet shop (47%) e esporte e lazer (40%) também estão entre os destaques, segundo a Compre&Confie.

CRESCIMENTO EXPONENCIAL
Como no Brasil só cerca de 6% da receita do varejo está online (a média no mundo é de 15%), os especialistas apostam em crescimento exponencial com a segunda, terceira ou até quarta “onda” do comércio eletrônico. É a penetração online de itens menores, mais baratos e que o consumidor compra várias vezes ao ano — como comida, ração para pets e papel higiênico.
A Associação Paulista dos Supermercados (Apas) informou que houve aumento de 107% no e-commerce de supermercados entre os dias 23 e 29 de março em comparação com o mesmo período de 2019. Como ter operação online é difícil e caro, o jeito mais fácil é fechar parcerias com empresas de logística, já acostumadas a entregar refeições, documentos e eletrônicos na casa dos clientes.

EXCEÇÃO EM OCEANO DE REGRAS
Segundo Paulo Moreira, em artigo publicado no site ecommercebrasil.com.br, o comércio eletrônico já era em 2019 uma exceção diante de um oceano de “regras”. A previsão para o comércio eletrônico brasileiro para este ano (2020) era de mais um crescimento seguido no faturamento, 19% (faturamento de R$ 74 bi) frente aos 2,4% do PIB do país. Claro, estes números foram projetados em 2019, antes do Covid-19 ser uma triste realidade mundial.
Segundo a pesquisa TIC Domicílios, 70% da população brasileira utiliza internet. Desse número, 48% adquiriu ou usou algum tipo de serviço online, como aplicativos de carros, serviços de streaming de filmes e música, ou pedido de comida, todos dentro de atividades de e-commerce. Ou seja, o comércio eletrônico será campeão de vendas por um bom tempo.