Lições das crises de 1929 e 2008 podem ajudar na crise de 2020

A crise financeira global de 2008-09 não teve coronavírus mas foi também marcada por recessão.

Por Wagner Casemiro

A palavra “crise” tomou conta do cotidiano de todos, com a chegada desestabilizante do coronavírus. Em três meses, a economia e a política sentiram o impacto do problema sanitário, que levou à quarentena, marcada pelo isolamento social, pela redução drástica das interações humanas presenciais e por prejuízos sensíveis para setores como o aéreo, o petroleiro e o turístico.
Crise também lembra criatividade. E não podemos ficar paralisados diante do susto momentâneo. Se não estávamos preparados para enfrentar esse “tsunami” global, o que podemos fazer no aqui e no agora? A pergunta foi feita, localmente, ao professor de Finanças (Fatec) Wagner Casemiro, hoje também ocupando o cargo de chefe de Recursos Humanos da Câmara de Atibaia.
Em post no seu Face, ele resumiu o drama, associando como boa parte da mídia e do mundo acadêmico as três crises que marcaram os últimos 100 anos: a de 1929, a de 2008 e a atual, da qual ainda não saímos nem conhecemos todos os efeitos e conseqüências. “Há saídas, tanto na área técnica quanto na política. Temos de estudá-las: governos, empresas e sociedades. A crise de 2020 nos lembra outros momentos turbulentos como a grande depressão de 1929 e a bolha imobiliária de 2008. A humanidade está experimentada em entrar e sair de períodos em que o desequilíbrio dá o tom, modificando bastante a nossa vida”, afirmou, otimista, o professor Wagner.
A crise financeira global de 2008-09 não teve coronavírus mas foi também marcada por recessão, carnificina nos mercados globais de ações, governos e bancos centrais. O mercado de imóveis, inflado pelos empréstimos baratos oferecidos pelos bancos a futuros proprietários privados, foi o epicentro da crise. O estouro das bolhas imobiliárias nos Estados Unidos e outros países, como o Reino Unido, Espanha e Irlanda, fez cambalear grandes bancos globais que não dispunham de suficiente capital para resistir ao choque.
Wagner Casemiro está acostumado a descrever essas histórias para seus alunos da Fatec. Já 1929 foi conhecido como o ano da Grande Depressão, que passou para a história também como o crash de Wall Street, a quebradeira do setor financeiro dos EUA. A economia norte-americana apresentava ritmo de crescimento intenso e a produção extrapolava a capacidade de absorção pelo mercado interno. A saída foi incrementar as exportações. Com a retomada da produção europeia e a competição no mercado externo, os EUA foram obrigados a desacelerar, o que levou à crise.
Tanto em 29 quanto em 2008 as consequências foram semelhantes e incluem a queda nas bolsas, o aumento do desemprego e prejuízos para os investidores externos, apontou o professor. Em 2020, a crise ultrapassou outros períodos de desequilíbrio como o surto de SARS e o 11 de Setembro de 2001, mas o que importa é que há luz no fim do túnel.
Primeiro, com base em episódios passados de surtos de enfermidades ou de desastres naturais, sabe-se que “tipicamente, os gastos opcionais retornam num momento futuro”. Segundo: mesmo que o choque do coronavírus tenha chegado em péssimo momento para o comércio global, comprometido pelas tensões comerciais entre as maiores economias do mundo, EUA e China, o atual golpe ainda não é tão devastador quanto o causado pela crise de uma década atrás. Terceiro: a capacidade técnica e criativa da ciência e da medicina pode puxar um novo desenvolvimento.
Como sugestão de leitura, o prof. Wagner apontou o site https://www.politize.com.br/keynesianismo/.

Wagner Casemiro é chefe de RH da Câmara de Atibaia