O Atlas da Notícia identifica os “desertos” da notícia

A terceira pesquisa do Atlas da Notícia mapeou 11.833 veículos jornalísticos em atuação no país. Sérgio Lüdtke assina o texto publicado no Observatório da Imprensa, este maravilhoso site criado pelo grande Alberto Dines e que é uma “Bíblia” para nós, jornalistas. A conclusão é de que há uma distribuição desigual dos veículos de comunicação pelos 5.570 municípios.
O Atlas revela que, para cada dez municípios brasileiros, seis são desertos de notícias, ou seja, seus habitantes não dispõem de informação jornalística sobre o lugar onde vivem. Dos quatro restantes, outros dois são quase desertos, lugares servidos por até dois veículos de comunicação e com risco de se tornarem desertos. Essa é a realidade de 64,9 milhões de brasileiros. O Atlas também pesquisou fechamentos de empresas jornalísticas e identificou 331 casos recentes, dos quais 195 – ou seis em cada dez – produziam jornalismo impresso.
A pesquisa realizada pelo Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, em convênio com o Volt Data, mostra quadro preocupante num momento em que o ambiente de informação está contaminado por desinformação e o ambiente político pela polarização. Os vazios informacionais detectados pelo Atlas são um desafio para o jornalismo, mas sobretudo um problema para a sociedade. É importante que a sociedade brasileira reflita sobre esses números, sobre os desertos e suas consequências, sobre os riscos da falta de um ambiente informativo saudável, alertou o texto.
Em 3.487 municípios brasileiros não há informação local mediada por apuração jornalística. Isso quer dizer que 62,6% dos municípios em que haverá eleições para câmaras e prefeituras em 2020 dependem basicamente de versões oficiais, de segmentos organizados, igrejas e organizações da sociedade civil, ou de informações e conteúdos compartilhados por redes sociais, sejam elas digitais ou não.
Sabemos que fomentar a atuação jornalística com base em princípios éticos e transparência – e que fiscalize o poder público para garantir informação de qualidade para os cidadãos de todos recantos do Brasil – é um desafio gigantesco. O importante é que existam caminhos.

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