NA PEDRA GRANDE

Nunca mais me esqueci de uma tarde em que eu e o Filé, meu amigo, estávamos em casa vendo tevê e ele falou o seguinte:
─ Bentinho, estou querendo tanto ir até a Pedra Grande. Faz tanto tempo que a gente não vai lá. Vamos?
─ Quando? ─ eu perguntei.
Quinta-feira que vem é feriado nacional, dia de Tiradentes; acho um bom dia para a gente ir lá.
─ E só vamos nós dois? ─ perguntei.
─ Não, Bentinho . Vamos convidar nossos pais e nossos irmãos para irem com a gente. Que tal?
─ Tudo bem, então, Filé. Vou convidá-los e você convida os seus, certo?
─ OK, Filé, vamos fazer isso então.
Os pais de Filé nem os meus não aceitaram nosso convite. Mas os irmãos dele e os meus toparam.
Portanto, a turma que ia fazer aquela excursão era formada por mim e o Filé, meus irmãos Arthur e Ramiro, minha irmã, Marília, os irmãos de File, Antonio, e suas duas irmãs, a Janete e a Elza.
Dona Cacilda, mãe do Filé, que era cozinheira e doceira, encarregou-se de preparar o almoço para a gente
Eu e o Filé nos encarregamos de preparar o material para a excursão. Esse material era constituído por pratos e copos  de papelão, talheres, sacos para lixo, comida, sobremesa, binóculos, um pequeno bujão de gás e um fogãozinho portátil, além alguns outros apetrechos de excursão como protetor solar, repelente de carrapato, luvas de palmas grossas, boné e chapéu.
Para quem não sabe vou informar alguns dados a respeito da Pedra Grande, esse maravilhoso monumento natural que tanto embeleza a cidade de Atibaia. Ela tem cerca de 200.000 m de extensão e sua altura é 1318 m. Sua distância do centro de Atibaia é de aproximadamente 13 km e localiza-se na Serra de Itapetinga.
Na quinta feira de manhã, bem cedinho saímos da minha casa em direção à Pedra Grande. Naquela época não havia a estrada que tem hoje por onde se chega mais rapidamente  à Pedra. Vai-se de carro pela rodovia D. Pedro I e depois segue-se por uma estrada de terra de uns 11 km. Naquela época o único caminho era pela montanha, por uma trilha, à qual se chega pela Alameda Lucas Nogueira Garcez. Ir por esse caminho demora mais, mas é muito mais divertido. Para chegar à Pedra, a caminhada é de aproximadamente uma hora, andando devagar.
Foi muito divertida a caminhada. Fomos admirando as flores que encontramos pela mata, passamos por uma gruta onde havia uma biquinha com água, que, infelizmente não era potável.
Durante o percurso conversei bastante com as irmãs e o irmão do Filé.
Conversei mais com a irmã mais velha dele. A tão simpática Janete, que estava estudando no Colégio Major Juvenal Alvim, o mesmo colégio onde o Filé e eu estudávamos. Ela era muito parecida com o Filé. Seus olhos e cabelos eram castanhos como os dele. Ela estava na quarta série ginasial. Seu sonho era ser dentista. Então, depois que terminou de cursar o ginásio,fez o Curso Científico e, alguns anos depois, entrou numa faculdade de Odontologia. Hoje ela é dentista e tem consultório em Atibaia. O papo dela era bem legal e conversamos a respeito dos mais diversos assuntos.
Quando chegamos lá em cima daquela imensa Pedra, nós sentamos para descansar um pouco. Depois ficamos olhando a paisagem. A vista é maravilhosa. Todo mundo quis olhar com o binóculos do Filé.
Aquele panorama é de tirar o fôlego. Essa imensa pedra é uma grande atração turística de Atibaia e é hoje pouso de asa delta. Naquela época nos arredores da Pedra só havia mato. Hoje infelizmente há muitas casas, o que contribuiu para poluir aquele local.
Alguns minutos depois de chegar à Pedra, nós começamos a explorá-la; felizmente ela estava deserta. Não havia mais ninguém lá, além de nós. Eu e o Filé pegamos o binóculos e subimos no ponto mais alto da Pedra, numa pedra menor de onde pudemos observar Atibaia e duas cidades vizinhas, Perdões e Nazaré.Dali, também é possível avistar São Paulo Mas como havia algumas nuvens no céu não conseguimos ver a capital paulista.
Depois de andarmos bastante pela Pedra, resolvemos almoçar por volta do meio-dia.
O Filé se encarregou de acender o fogo. Esquentamos o arroz e fritamos batatas e bifes.
Pusemos a comida bem quentinha nos pratos descartáveis de papelão que levamos e com os talheres também descartáveis de plástico, saboreamos aquela deliciosa comida que Dona Cacilda, mãe do Filé, preparou para nós.
Depois comemos a sobremesa. Levamos frutas: laranja, banana e maçã.
La pelas catorze horas terminamos de almoçar.
Ficamos então sentados na Pedra batendo papo. Decidimos conversar a respeito de filmes a que assistimos. Cada um contou o filme de que mais gostou.
Lá pelas quatro horas fomos catar plantas exóticas que havia na Pedra para levar para minha mãe e para a mãe do Filé.
E assim terminou o nosso passeio naquele saudoso 21 de abril. Não me lembro bem do ano. Creio que 1957 ou 1958, quando eu tinha uns quinze anos.
O tempo colaborou bastante para que nos sentíssemos bastante felizes durante aquela excursão. Muito sol e temperatura bem agradável.
Descemos alegremente o morro de volta ao centro da cidade. Quando chegamos na Rua José Lucas, eu, minha irmã e meus dois irmãos nos despedimos de Filé e de seus irmãos que foram para a casa deles na Rua José Alvim.

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