AQUELAS VIAGENS DE TREM

Ah!…Que saudade que tenho daquelas viagens de trem  que eu fazia com minha família! Era sempre de Atibaia a São P aulo;

o trem partia sempre de Caetetuba, um bairro de Atibaia, minha cidade natal, aonde íamos de táxi.Foi nas décadas cinquenta, sessenta. -Eu tinha então uns dez anos de idade. Meu pai, que ainda não tinha carro, preferia a viagem de trem à de ônibus, embora esta fosse mais demorada. Nós, seus filhos, também.

O trem partia de Atibaia por volta das sete horas e aproximadamente duas horas depois, chegava à Estação da Luz, em São Paulo, onde desembarcávamos, para depois percorrermos o centro da capital paulista , para fazer compras.
Que viagens deliciosas aquelas de trem! Pena que não existam mais trens naquela região.

Seguíamos pela Estrada de Ferro Bragantina que há muito tempo infelizmente foi desativada. Que bom seria se pudéssemos viajar hoje de trem para a capital paulista como fazíamos naqueles tempos! Hoje eu continuo a viajar de trem, mas só no metrô de São Paulo, porém essas viagens são de curta duração e muito desconfortáveis, principalmente quando o há muita gente.Então estão muito longe de serem aquela maravilha de antigamente que era viajar de trem de Atibaia a São Paulo.
Na cidade de Campo Limpo a viagem era interrompida por alguns minutos. Tínhamos de fazer a baldeação na estação ferroviária daquela cidade. Lembro-me de que depois de descer do trem,  subíamos e depois descíamos por uma escadaria de madeira para depois ficarmosna  plataforma esperando um outro trem.
No vagão, naquelas viagens eu sempre gostava de sentar num banco em que eu ficava no sentido contrário ao movimento do trem. Tinha então a sensação de que a paisagem, e tudo o que fazia parte dela que eu observava lá fora, é que passava por mim e não eu por ela. Ah! Aquele e delicioso cheiro de capim-gordura. As plantações. As casas esparsas. Canaviais, pinheirais, pastos. Tantos animais! Boiada, cavalos, carneiros, porcos… Como era agradável ver tudo aquilo e, ao mesmo tempo, ouvir o barulho da locomotiva a vapor. Eu gostava tanto que nem chegava a perceber aquelas duas horas de viagem, que passavam bem rapidamente. Olhava as pessoas sentadas naqueles bancos e tinha a impressão de que elas também gostavam muito da viagem.. Depois de andar pelo centro da grande cidade, pela Rua Direita, Praça da Sé, Praça do Patriarca,  e outros locais, onde fazíamos nossas compras, tomávamos um táxi que nos conduzia de volta à Estação da Luz.
A viagem de volta era mais divertida ainda. Por causa daquele foguinho, aquelas fagulhas que saíam da locomotiva, que eu gostava tanto de ficar olhando.
Infelizmente, desde um sessenta,setenta anos,, creio, não foi possível mais viajar de trem para São Paulo pela Estrada de Ferro Bragantina, pois esta foi destruída pela insensatez dos governantes. Hoje então só é possível fazer de novo aquelas viagens puxando pelamemória. Então posso continuar viajando, embora só na minha imaginação. Fico então curtindo a saudade daquelas maravilhosas viagens, evocando tãogratas recordações!

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